quarta-feira, 2 de março de 2011

Inveja Boa

De rede na varanda, de correr atrás de barata, de apagar a luz, de pular na cama, de dar beijo estalado no rosto, de dar abraço gostoso, do cinzeiro lá de casa, do cigarro do avô, do tempero baiano, da comida dita boa, dos espaços em branco da mente, da correria cotidiana, de quem tem tempo mole, mas de quem para tudo tem tempo certo, do tempo que é errado, da vida que está certa, do tempo que é certo, do tempo que está certo, de tudo que fluí, do cachorro do Romero Brito, dos espelhos que tudo vêm, dos olhos que podem ver tudo, da cadeira lá parada, do vaso em cima da mesa de centro, das almofadas em repouso, da inércia, da cinética, da garrafa vazia de coca cola, da sacola cheia de presentes, do livro ainda não lido, da pessoa ainda intocada, da caveira surpreendida e estática, do candelabro rubro, da tomada rústica, de tons modernos, de falas compridas, da prolixidade de uma vida, da fala, da linguagem, do tio rico, do primo pobre, do passarinho, do brigadeiro na Itália, da toalha cheirando a sabonete muito fresco, do chale no pescoço da madame, das folhas de um coqueiro do qual bebo o coco, das orelhas compridas do moço, da bolsa aberta na mesa, do peixe no aquário redondo, do azulejo um pouco manchado, da cama arrumada, do nostálgico todo empoeirado e do morto. E do vivo.

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