quinta-feira, 4 de agosto de 2011

O Oi e o Tudo Bem

Só de ouvir me vêem uivos, vocativos e orgulho dominando as úlvulas. As cordas tremem, vejam porque escrevem. Estão abominando os Ois. Os mais íntimos os trocam por nomes, Amores, Amigos e até, por vezes, usam um tom enfático, animado. Os não íntimos, por Chefes, Colegas, Camaradas e Reis. Até então, o Dom não bate a porta. Digo sobre orgulho dos que não se falam, dos que não são inferiorizados de modo algum, e, sobretudo, dos que se pensam, juram ver e se sentem inferiores. Por assim dizer, Oi. Simples Oi. E, pois, quando era criança, lembra da mãe dizendo, diga oi para ser educado, dizia, pergunte se está tudo bem para ser simpático, e frizava, timidez se confunde com antipatia. Hoje decidira que não fazia questão da simpatia. Não fazia questão de agradar os que gostam e os que gosta. E tomara uma forte decisão de que os outros teriam de lidar com cumprimentos mais diretos, que não traduzissem afeto, mas apenas uma conversa necessária, entende? Uma conversa por vezes criativa, introduzida por piada, por Hi, Hello, Buenas Noches, mas uma conversa nada mais que sem cumprimentos ideais. O que seria o ideal? Tornar a conversa que se deseja necessária. Fazer soar um trabalho, um favor, um destoante da vida, algo como que uma obrigação, entende? Tudo em volta se tornara um monte obrigatório, de modo que nem mesmo a morte era opcional. A vida se tornou de chatos e os que faziam bem era a obrigação mais inoportuna: dos Nãos da vida, tirou-se o grande tamanho do desprezar para receber, do esnobar para tornar difícil, do chutar para ver correr de volta, de tudo que vai e vem. E, deveras, os que se fazem dificeis e complicados? Tão cansativo. Cansa. Uma solidão presa em si, de poucos verbos, de ansiedade, de não ação. O sujeito passivo e vitimizado, de agora para adiante, para sempre e mais sempre. Agora atente-se para o que corria nas ruas e chegava ao ouvido de todos! Préstimo ao que descrevo no que segue, o teor é fofoca. O Oi dizia com lágrimas nos olhos ao Tudo bem que sentia saudade, que sentia a falta de humildade e pedia perdão pelo pecado que não cometeu. O Tudo bem aos prantos pesava por algum dia ter assumido aquele caso de laço, vínculo e, porque não dizer amor. Disse que não pretendia, mas que não via culpados. Disse ao Oi, vá, volte, me visite. Ouvia-se o burburinho para todos os lados. Pois bem, naquele dia, todo são resolvera espalhar Ois pelo mundo. Decidiu descomplicar todas as visões, decidiu que não seria orgulhoso com si próprio, ou não faria o mundo todo aos seus pés. Pois então, do menos inferiorizado era o mais infeliz, embora o fingimento estivesse logo atrás do espelho. Aliás, questionava o que estava atrás e o que vinha à frente. Deu-lhe um beijo no espelho, um salto, foi simpático por si, escreveu o orgulho no papel e o jogou pela janela até ver adiante no ladrilho. Assouviou e balançou a cabeça feliz para o padeiro. Respirou fundo como não fazia questão há tempos, deixou de escurecer a vida por obrigação e foi ser feliz. Foi perguntar se estava tudo bem com as pessoas. Aquilo o completava, sem ser absolutamente e, por tudo, necessário. Mas preferia não ser vazio. Cansei da convardia humana. Não suporto mais. Abdico de todos esses em minha vida. Cansado, mundo, cansado da covardia alheia. E todos foram felizes, talvez até para sempre. Semeia esse sorriso antes desinteressado. Semeia para sempre. Talvez, e até. Para Sempre.

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